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Arcebispo Militar celebra aniversário de Ordenação Sacerdotal

Na solenidade da Assunção de Nossa Senhora deste ano, o Arcebispo Militar do Brasil, Dom Fernando Guimarães, celebra os 49 anos de sua ordenação sacerdotal.

Dom Fernando ordenou-se padre no dia 15 de agosto de 1971, no Santuário redentorista de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na cidade de Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro. O bispo ordenante foi Dom José Gonçalves da Costa C.Ss.R., na época Bispo de Presidente Prudente.

A fotografia mostra o momento da entrega do cálice e da patena com a hóstia, simbolizando o poder de celebrar o Santo Sacrifício da Missa.

Na homilia que pronunciou, durante a Santa Missa celebrada na Capela de sua residência no dia 15 de agosto (assista aqui), Dom Fernando relembrou as etapas de sua vida sacerdotal, como padre e como bispo, bem como homenageou as grandes figuras de Dom Eugênio Sales e de São João Paulo II, com que ele teve a graça de trabalhar.

O Ordinariado Militar do Brasil apresenta a Dom Fernando os parabéns pelo aniversário, unindo-se a todos na oração para que o Senhor dos Exércitos o fortaleça e abençoe sempre mais em seu pastoreio.

Confira a íntegra da homilia de Dom Fernando do dia 15 de agosto:

As duas leituras da Palavra de Deus, que são proclamadas neste sábado, pelo lecionário de toda a Igreja, por uma feliz coincidência, servem também para a minha meditação nesses 49 anos que sirvo à Igreja como padre.

O Profeta, ele quebra, de alguma maneira, a tradição antiga do povo eleito que via uma responsabilidade diante da aliança que passava de pai para filho, de maneira que se o filho agisse errado os pais deviam pagar a pena pelo erro deste filho.

O Profeta anuncia a responsabilidade pessoal, individual de cada ser humano dotado de inteligência e de vontade, capaz, portanto, de imprimir um rumo à sua existência. De construir a sua existência, segundo os desígnios de Deus, mas também de recusar à graça de Deus, de afastar Deus da sua existência e, portanto, construir uma vida longe de Deus e fora do seu desígnio. Cada um deve responder diante de Deus pelo que fez da sua existência e, por isso, a leitura do Profeta depois de anunciar o caminho da liberdade impositiva que constrói uma vida segundo os valores que vêm de Deus e elogiar este homem, o Profeta fala do filho que se desvia do bom caminho, mas a leitura termina com um apelo a ambos, pais e filhos, a se converterem constantemente voltarem o seu coração para Deus, para sua aliança de maneira que a existência de todos possa ser uma existência plena, cheia de frutos e de bênçãos de Deus. Uma vida bem vivida na terra, que abre o caminho para uma vida eterna no amor de Deus.

E Jesus, mais uma vez, coloca a criança como centro da sua atenção e do seu amor: “deixai vir à mim as criancinhas porque delas é o reino do céu”. A criança, no sentido da inocência, mas mais ainda a criança no sentido do abandono filial, da confiança absoluta do pai, porque a criança sabe que este pai é amor, é amor definitivo, é amor sem recuos.

As duas coisas serviram para mim no dia de hoje, de meditação desses 49 anos de ministério sacerdotal. Eu escolhi voluntariamente a festa da Assunção de Nossa Senhora aos céus, no dia 15 de agosto, que mais recentemente por determinação da Santa Sé passou a ser celebrada no domingo seguinte, portanto, celebraremos amanhã.

Me ordenei com 25 anos de idade, depois de quase dois anos trabalhando como diácono, porque terminei o seminário muito cedo e eu não tinha a idade mínima permitida pela lei canônica para me ordenar. Daí estes dois anos de ministério diaconal.

Olhando para atrás eu posso dividir a minha vida sacerdotal em algumas etapas. A primeira, os primeiros anos de sacerdócio eu trabalho com a juventude, em Campos Goytacazes, no norte fluminense, e depois no Rio de Janeiro. Trabalhando como diácono e padre jovem, junto à juventude, a juventude de todos os níveis, desde o nível médio até a juventude universitária, e com esses jovens praticamente da minha idade, vários deles eu pude aprender muito. Pude transmitir o anúncio do evangelho, a alegria de ser cristão, o compromisso que vem da Fé em Jesus Cristo, mas deles recebi muito em generosidade e entusiasmo pela vida.

Segunda etapa de minha foi, transferido de Campos Goytacazes para a cidade do Rio de Janeiro, foi o trabalho com o saudoso Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, então Arcebispo do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo em que trabalhava como Vigário Paroquial, na Paróquia de Santo Afonso do Rio de Janeiro, com meus colegas redentoristas, tinha a dedicação na secretaria e na assessoria de Dom Eugênio Sales e foram anos de profundas aprendizagens do que significa ser um home de Igreja, do que significa ser sacerdote em pleno. Dom Eugênio Sales era um obreiro, um modelo de humanidade, um modelo de sacerdócio, como é para mim hoje um modelo de bispo. Um home que amava a igreja e que procurava viver a fidelidade a esta Igreja à toda prova.

Terceira etapa de meu sacerdócio se inicial em 1980, no início do ano quando, em um telefone de Dom Eugênio Sales, eu estava de férias com minha família em Pernambuco, em um telefone de Dom Eugênio Sales me informa que o Vaticano estava me chamando para trabalhar na Santa Sé preparando a visita do Papa João Paulo II ao Brasil, a primeira visita que ele fez ao Brasil em 1980.

Dirijo-me, então, ao Vaticano, apresento-me ao trabalho e, aquilo que deveria ser um trabalho de dois anos, acompanhei o Santo Padre, ensinei o português para ele, acompanhei o Santo Padre no mês de julho de 1980 ao Brasil, retorne ao Vaticano para encerrar os trabalhos relativos à viagem e para minha surpresa o que deveria ser um ano, um ano e meio de trabalho, tornou-se, também como desejo e vontade do Santo Padre João Paulo II, um trabalho permanente que durou até o final da sua vida terrena. Trabalhei, portanto, por todos esses anos, ao Papa São João Paulo II, outro exemplo de humanidade e de sacerdote, outro exemplo profundo que marcou a minha vida, assim como marcou na minha vida a presença de Dom Eugênio Sales.

Dois grandes pontos de referência que eu procuro sempre ter presentes nos olhos e no coração, no exercício da minha atividade e no viver, a minha existência.

Morto São João Paulo II, eleito o Papa Bento, eu tinha trabalhado com o Cardeal em várias situações que diziam respeito aos sacerdotes no mundo, que era o meu trabalho principal no Vaticano, Papa Bento me nomeia bispo e me devolve para meu Estado natal, como bispo de Garanhuns, a cidade que 50 anos antes eu tinha chegado para iniciar o meu seminário menor com os Redentoristas.

50 anos depois volto para esta cidade como seu bispo diocesano. Uma etapa muito rica, como eu dizia aos padres, no dia da minha posse, na primeira reunião do clero, eu sabia pela minha experiência no Vaticano, aquilo que o bispo não deveria fazer. Aquilo que o bispo deve fazer eu vou aprender vivendo e convivendo com vocês. E esses 6 anos na Diocese de Garanhuns, para mim fora anos fervorosos, foram anos muito intensos, de muita aprendizagem. Ontem mesmo recebi um e-mail de um seminarista que está prestes a ser ordenado padre, e que eu o recebi no seminário, logo no início do meu ministério episcopal em Garanhuns, o acompanhei nas suas dificuldades, na sua crise vocacional de jovem, como acompanhei depois no seminário e o deixei quando ele já estava para terminar a filosofia, porque foi depois fui transferido aqui para Brasília. Ontem esse jovem se manifestou numa mensagem que me tocou profundamente. Ele está para ser ordenado padre.

Terminado o período de Garanhuns, sou surpreendido com a nomeação a Arcebispo Militar do Brasil. Aceitei, depois de fazer um esforço grande para evitar, mas aceitei em obediência ao Papa, em obediência à Igreja e vim para Brasília iniciar esta que é a última etapa de vida como bispo, mas também a última etapa de vida como ser humano.

Uma experiência que está sendo para mim profundamente enriquecedor. Por conhecer mais de perto os valores profundos que animam as nossas Forças Armadas e também as Forças Auxiliares, por conviver com esses homens e mulheres que amam o Brasil e que estão prontos a dar a vida por ele, sacrificando a sua vida e sua família no dia a dia da sua missão e se necessário colocando-se também na frente do risco supremo, porque a promessa a nossa promessa de incorporação no momento que entramos para as forças é exatamente essa: estar pronto para dar a vida pelo Brasil se necessário for.

Nesta última etapa da minha vida de padre e de bispo, também sou grato a Deus por esta experiência que estou vivendo. 49 anos de exercício de ministério. Com meu irmão coronel a pouco ao telefone, eu comentava com ele como as coisas passam de pressa. Nós lembramos do nosso período de juventude, sou 5 anos mais velho de que ele, nos lembramos dos nosso pais que estavam presentes na minha missa de ordenação, aliás, eu estou vestindo a alva que minha mãe bordou para minha ordenação sacerdotal há quarenta anos atrás. A uso em ocasiões muito especiais, como esta. A vida passa muito depressa. Olhando para atrás, eu quero agradecer a Deus e de público por tudo aquilo que ele fez, que ele faz e, com certeza, que ele fará até o último dia da minha existência.

Erros? Muitos. Pecados? Também. De tudo isto, eu coloco no coração misericordioso de Deus. Mas uma coisa eu posso dizer com muita serenidade e também com muita autenticidade. Em todos esses anos, eu procurei amar a Igreja e servi-la da melhor maneira possível. Aquilo que não pude fazer, os erros que cometi, os pecados que não pude evitar eu coloco tudo no coração de Deus, mas tenho a certeza de que esses 49 anos de vida sacerdotal foram para mim, estão sendo e serão até o último instante a prova mais cabal da misericórdia de Deus para com este pobre pecador. Agradecer a Deus, e como costumava fazer meu fundador, Santo Afonso, outro grande exemplo de homem e de bispo, como ele costumava agradecer a Deus, eu gostaria de terminar esta meditação agradecendo como ele: “glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, amém”.

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