Serviço de Assistência Religiosa do Exército comemora seu dia
Na pintura a óleo à esquerda, doada pelo 11º Batalhão de Infantaria de Montanha (11º BI Mth), instalada no Gabinete do Arcebispo Militar, é homenageado o mártir da Segunda Guerra Mundial, Frei Orlando, capelão do exército, morto em Monte Castelo.
Desde os primórdios da cultura judaico-cristã, o capelão militar é o sacerdote, o ministro oficialmente comissionado, que presta assistência religiosa às tropas das nações que foram o fundamento do mundo ocidental.
Esses religiosos que dedicam suas vidas ao apoio às tropas chegaram aqui com as naus portuguesas no “Descobrimento do Brasil”, celebrando a primeira missa em 26 de abril de 1500, com Dom Frei Henrique de Coimbra, na Praia da Coroa Vermelha, no sul da Bahia.
Desde o seu nascedouro na Campanha de Guararapes, entre 1648 e 1649, o Exército embrionário contou com a valiosa contribuição desses clérigos que, através da fé, elevavam o moral da resistência contra o inimigo invasor, contribuindo, portanto, para a vitória do Exército patriota. Hoje, no cume mais alto dos montes Guararapes, assenta-se a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, erguida em memória das batalhas travadas no local, em 1656.
Durante o Império, por ocasião da Guerra da Tríplice Aliança e dos fatídicos eventos da Batalha de Curupaiti, Caxias, ao assumir o comando, recompôs a retaguarda e incorporou capelães militares à campanha, resultando, assim, em um novo ânimo de combate. Em consequência, em 1874, o Império decretou a criação do Corpo Eclesiástico do Exército com o efetivo de 89 capelães, sob a seguinte exposição de motivos: “Ao soldado não se deve negar esse pão espiritual…”
Após a Proclamação da República, o Corpo Eclesiástico do Exército foi extinto. Todavia, capelães reapareceram novamente fardados durante a Revolução de 1930 e o Movimento Nacionalista de 1932.
Doze anos depois, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, em 1944, criava-se o Serviço de Assistência Religiosa da Força Expedicionária Brasileira (FEB). O efetivo de capelães militares era composto por 26 padres e dois pastores evangélicos. Entre esses valentes de Deus, estava o jovem Antônio Álvares da Silva, o Frei Orlando, sacerdote em São João Del Rei (MG) que atuava no 11º Regimento de Infantaria (atual 11º Batalhão de Infantaria de Montanha) e nascido em 13 de fevereiro de 1913.
Durante a guerra na Itália, um dia antes do ataque a Monte Castelo, no intento de entregar uma palavra de conforto aos nossos pracinhas entrincheirados, Frei Orlando tombou em Bombiana, a 20 de fevereiro de 1945, durante o seu deslocamento. Em 28 de fevereiro de 1946, o Presidente da República instituiu-o como o Patrono do Serviço de Assistência Religiosa do Exército, modelo lídimo da atuação pastoral na caserna.
A partir da década de oitenta, quando foi sancionada a Lei 6.923, em 29 de junho de 1981, definiu-se claramente que o Serviço de Assistência Religiosa nas Forças Armadas teria por finalidade prestar a assistência religiosa e espiritual aos militares, aos civis das organizações militares e às suas famílias, sendo o Quadro de Capelães Militares (QCM) composto por padres e pastores. Essa lei antecipou a Constituição Federal de 1988, que assegura a assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva.
Nos últimos anos, os capelães engajaram-se nas campanhas de Valorização da Vida e de Resistência às Drogas e destacaram-se junto às nossas tropas em operação na Missão de Paz do Haiti (MINUSTAH); na Força de Pacificação da Maré, no Rio de Janeiro; bem como na Operação Acolhida, no estado de Roraima.
A Força Terrestre, reconhecendo o prestimoso produto entregue por esses agentes dos céus, realizou, em 2017, o primeiro Curso de Aperfeiçoamento Militar para Capelães Militares na ESAO, com 18 concluintes; transferiu o Estágio de Instrução e Adaptação de Resende (RJ) para a EsFCEx, em Salvador (BA); e o transformou em Curso de Formação para Capelães Militares em 2018. Nesse mesmo ano, o COTER publicou a 1ª edição do Manual de Campanha: A Assistência Religiosa nas Operações Terrestres. Tudo isso se deu com a participação ativa da assessoria do SAREx e de seus capelães.
Hoje, o Exército de Caxias tem no seu Quadro de Capelães Militares 69 capelães militares em atuação, sendo 51 padres católicos e 18 pastores evangélicos. Os capelães utilizam para o seu trabalho uma estrutura distribuída pelo território nacional que conta com capelanias; capelas, tanto católicas como evangélicas; e o Oratório do Soldado, em Brasília (DF), obra arquitetônica símbolo da fé e da religiosidade do militar do Exército Brasileiro.
Neste dia, agradecemos aos nossos padres e pastores que, ao ministrarem nos altares e púlpitos paisanos, ministram agora, prioritariamente, a Palavra de Deus nos altares e púlpitos da vida militar, atuando em jornada dupla nos quartéis e nas igrejas.
O Exército Brasileiro, como Exército republicano, nesse permanente contato com a sociedade civil, agradece também a contribuição das igrejas católica e evangélica por formarem e cederem seus sacerdotes e pastores para perfilarem conosco. Por isso, concita-se todos os níveis de comando a facilitarem e apoiarem o trabalho de nossos capelães militares.
Capelão militar, tu és o oficial de ligação entre o Senhor dos Exércitos e a tropa. Siga firme. Hoje é dia de abraçá-lo. Hoje é dia de pedir-lhe a bênção.
Nossos parabéns!