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Solenidade de Todos os Santos

Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)

A Solenidade de Todos os Santos é um momento especial na vida da Igreja, onde fazemos memória não apenas dos santos canonizados, mas também de todos os que, em sua vida, buscaram viver a santidade e a fidelidade a Deus. Esta celebração nos convida a refletir sobre a universalidade da santidade, a comunhão dos santos e a intercessão deles por nós, que nos inspira a seguir o exemplo de vida cristã autêntica, além de recorrermos a eles em nossas dificuldades. A Liturgia deste dia é rica em significados e nos oferece uma oportunidade de renovação espiritual, para não perdermos de vista o chamado que Deus nos faz para a santidade de vida. 

A 1a Leitura (Deuteronômio 6:2-6) nos apresenta um chamado à fidelidade a Deus e à observância de seus mandamentos. O texto enfatiza a importância de amar a Deus com todo o coração, alma e força, e de transmitir essa fé a todos os que conosco convivem e às futuras gerações. Este mandamento do amor é fundamental para a vida do povo de Israel e, por extensão, para todos os cristãos. A santidade, portanto, começa em casa, na educação dos filhos e na vivência dos valores cristãos no cotidiano. Ser santos não significa, para nós cristãos, fugir das realidades do mundo, mas sim, fazer-nos presentes e atuantes em cada situação que a Providência de Deus nos coloca. A Leitura nos lembra que a verdadeira santidade é uma resposta ao amor de Deus, que deve ser cultivada e compartilhada nas coisas e com as pessoas com as quais convivemos. 

O Salmo Responsorial (Salmo 18) expressa um profundo amor e confiança em Deus, reconhecendo-o como refúgio e força. A resposta do salmo nos convida a louvar a Deus por sua proteção e ajuda em momentos de aflição. Este salmo ressoa com a vida dos santos, que, em suas jornadas, confiaram plenamente na Providência divina. A santidade é, portanto, uma resposta de gratidão e louvor a Deus, que nos sustenta e nos guia em nossa caminhada. 

Na 2a Leitura (Hebreus 7:23-28), o autor sagrado nos apresenta Jesus como o Sumo Sacerdote eterno, que, ao contrário dos sacerdotes levíticos, não precisa oferecer sacrifícios repetidamente, pois Ele mesmo se ofereceu como sacrifício por nós. Essa passagem nos convida a reconhecer a singularidade de Cristo e a sua missão redentora. A santidade dos santos é, portanto, uma participação na santidade de Cristo, fruto da união com o Senhor, que nos chama a viver em comunhão com Ele e a buscar a perfeição em nossas vidas. A intercessão dos santos é um reflexo dessa comunhão, onde eles, que já estão na presença de Deus, intercedem por nós. 

No Evangelho (Marcos 12:28b-34), Jesus é questionado sobre qual é o maior mandamento. Sua resposta, que resume a Lei em amar a Deus e ao próximo, é um convite à vivência da caridade, que é a essência da santidade. Os santos são aqueles que, em suas vidas, exemplificaram esse amor em ações concretas. A mensagem de Jesus nos desafia a viver essa mesma caridade em nosso dia a dia, reconhecendo que a santidade não é apenas um ideal distante, mas uma prática diária. 

A celebração de Todos os Santos nos convida a refletir sobre a santidade como um chamado universal. Cada cristão, pelo Batismo, é chamado a ser santo, independentemente de sua vocação ou estado de vida. A vida dos santos nos oferece exemplos concretos de como viver a fé em meio às dificuldades e desafios do cotidiano. A santidade não se resume a grandes feitos, mas se manifesta na fidelidade às pequenas coisas, no amor ao próximo e na busca constante por Deus. 

A Sagrada Liturgia deste dia nos lembra que a santidade é acessível a todos e que cada um, em sua particularidade, pode contribuir para a construção do Reino de Deus. A intercessão dos santos nos encoraja a perseverar na fé, sabendo que não estamos sozinhos em nossa jornada. Assim, a celebração de Todos os Santos se torna um convite à conversão e à renovação do compromisso de viver a santidade em todas as dimensões da vida. 

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